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A epilepsia é uma doença que cursa com crises epilépticas recorrentes, podendo ser sintomática (quando há uma causa para essas crises) ou idiopática (quando não se conhece a causa para a ocorrência de crises). Trata-se de uma soma de excitações nas células nervosas do cérebro, fazendo com que estas células mandem sinais atrapalhados, ativando um grande número de neurônios simultaneamente, podendo causar contrações musculares involuntárias, perda da consciência e até convulsões tônico-clônicas generalizadas por alguns segundos ou minutos.

Há três tipos de crise epiléptica: a parcial simples, onde a pessoa não apresenta perda da consciência durante a crise, sendo geralmente mais restrita a um membro ou um lado do corpo; a parcial complexa, onde a pessoa chega a perder a consciência, mas ainda sem acometimento generalizado do corpo e a crise generalizada, quando a desorganização dos sinais acontece nos dois lados do cérebro, levando a perda de consciência e acometimento global. Um exemplo de crise parcial simples seria uma pessoa ter sensações estranhas por alguns segundos, como desconforto estomacal ou medo. Na crise generalizada, a pessoa perde a consciência totalmente, além de ter fortes convulsões com o corpo rígido, pois seus músculos podem se contrair e relaxar ciclicamente, causando os movimentos involuntários típicos de uma crise tônico-clônica generalizada. Alguns tipos de crises generalizadas são chamados de atônicas, onde a pessoa simplesmente perde todos os sentidos do corpo, levando a quedas ao solo sem defesa, sendo um risco para lesões secundárias ao traumatismo. Um tipo curioso de crise epiléptica consiste em ataques repentinos de riso intenso, incontroláveis e involuntários, como as risadas clássicas do Coringa, famoso vilão dos cinemas. Essa crise é chamada de gelástica e geralmente está relacionada com acometimento do hipocampo.

Uma pessoa só é considerada epilética se apresentar recorrência de crises epilépticas. Caso tenha apenas um episódio, não pode ser diagnosticada como epilepsia, porém é importante ter o depoimento de quem a ajudou durante o colapso para auxiliar o médico a realizar o diagnóstico mais provável. Algumas doenças podem dar crises epilépticas sem a pessoa ter epilepsia, como hipoglicemia, uso de drogas estimulantes do sistema nervoso central, entre outras.

Algumas formas de epilepsia podem ser tratadas com procedimentos cirúrgicos. Quando há uma região cerebral causadora da síndrome epiléptica reconhecida, pode ser realizada uma neurocirurgia para ressecção dessa porção cerebral doente, podendo levar inclusive à cura da epilepsia, como no caso da esclerose mesial temporal. Já em alguns tipos de epilepsia generalizada, podem ser aplicados procedimentos neuromodulatórios, como estimulação do nervo vago (VNS) ou estimulação cerebral profunda (DBS) do núcleo anterior do tálamo (ANT), ajudando no controle das crises. Há também um neuroestimulador em alça fechada para crises focais em áreas eloquentes, chamado de RNS (Responsive NeuroStimulator – neuroestimulador responsivo), o NeuroPaceÒ, onde a neuromodulação ocorre apenas quando as crises são detectadas pelo implante.

Se for constatada a epilepsia, é necessário tratamento com médico neurologista clínico, além de ter hábitos de vida saudáveis. O estresse intenso e privação de sono são fatores que diminuem o limiar convulsivo, ou seja, uma noite mal dormida pode ser fator de risco para ocorrência de crise epiléptica. Pergunte ao neurologista clínico se o tipo de epilepsia apresentado pode ou não ser tratado com algum método cirúrgico complementar.

Uma dica importante é: se você estiver presente durante uma crise de convulsão de alguém, mantenha a calma, pois a grande maioria dos ataques passam sozinhos. Tente apoiar a cabeça da pessoa, para evitar um trauma, e vire o rosto para o lado, assim a vítima não acumulará saliva, o que aumentaria a chance de asfixia. Afaste objetos que podem machucar a pessoas durante as contrações involuntárias. NUNCA TENTE COLOCAR O DEDO NA BOCA DE UMA PESSOA CONVULSIONANDO PARA EVITAR DE ENROLAR A LÍNGUA! A pessoa que está apresentando crise epiléptica generalizada não tem consciência e pode apresentar fortes contrações inclusive da musculatura mastigatória, podendo até mesmo arrancar o dedo de quem tentar ajudar!

Dúvidas? Entre em contato com um neurologista clínico para uma avaliação detalhada. Para casos de epilepsia com possibilidade de tratamento cirúrgico, procurar um neurocirurgião funcional.

Dr. Bernardo de Monaco
CRM-SP 115988
RQE 58076