O tratamento da Doença de Parkinson deve ser realizado por equipe multidisciplinar, centrada em um neurologista clínico com ênfase em tratamento de distúrbios do movimento. Recentemente foi publicado um estudo mostrando que a realização de atividade física regular pode ter efeito superior à medicações, sendo fundamental a sua realização, sob orientação preferencialmente especializada.
O tratamento da Doença de Parkinson já passou por diferentes etapas em sua história, que pode ser dividida na época antes da descoberta da reposição de dopamina (medicação mais utilizada para tratamento da doença), após as terapias de reposição de dopamina e tratamento das complicações secundárias a reposição de dopamina.
Inicialmente os tratamentos cirúrgicos eram voltados para melhora de movimentos anormais (como o tremor) e mesmo para diminuição da rigidez. Após a descoberta da reposição de dopamina, as cirurgias diminuíram muito seu papel no tratamento da Doença de Parkinson. Porém, com o tratamento clínico, novas complicações foram surgindo, como as flutuações de resposta medicamentosa (a resposta ao remédio varia, ora boa e ora parece não responder), discinesias induzidas por levodopa (que são movimentos bruscos induzidos pela medicação), baixo tempo de melhora com a medicação (o paciente toma o remédio, demora um tempo até observar melhora nos sintomas, após curto intervalo de tempo, já está novamente ruim).
Então, o tratamento cirúrgico para a Doença de Parkinson retornou, mas agora com objetivo de otimizar o tratamento clínico, diminuir a necessidade de medicações e diminuir efeitos colaterais das medicações. A cirurgia mais realizada hoje para tratamento da Doença de Parkinson é a Estimulação Cerebral Profunda. A melhora no tremor após a cirurgia é notável, levando a melhorias na qualidade de vida.
As cirurgias para o tratamento da Doença de Parkinson são realizadas no cérebro (encéfalo) e podem ser permanentes (ablativas) ou reversíveis (neuromodulatórias). É importante lembrar que a cirurgia trata sintomas gerados pela doença e não a doença em si.
Os procedimentos ablativos (microlesões programadas realizadas com radiofrequência) ainda apresentam papel importante para determinados casos. São eles:
1) Palidotomia - lesão do Globo Pálido Interno
2) Talamotomia - lesão em núcleo específico no tálamo
3) Subtalamotomia - lesão de regiões subtalâmicas, como a Zona Incerta, Campo de Forel (campotomia de Forel) e mesmo Núcleo Subtalâmico.
Os tratamentos não-ablativos, ou seja, sem lesão de estruturas, são chamados de neuromodulatórios. A forma invasiva de neuromodulação é realizada com implante de eletrodos para estimulação cerebral profunda em diferentes núcleos, a depender do objetivo do tratamento da equipe multidisciplinar que trata e acompanha o paciente.
Essas cirurgias até agora mostram efeito ótimo para diminuição dos sintomas da Doença de Parkinson, Tremor, Distonia, entre outras, mas não são considerados tratamentos de doença, mas sim, de sintomas. Ou seja, embora os sintomas diminuam de forma significativa, as doenças ainda estão ativas e podem continuar a progredir.
Muitas pessoas famosas desenvolveram doença de Parkinson ao longo da vida, como o ator Michael J. Fox, que tem mantem uma fundação voltada para pesquisa em tratamento da Doença de Parkinson (link abaixo); o lutador de boxe Muhammad Ali, o ator Robin Williams, o cantor Jonnhy Cash, o papa João Paulo II, o pintor Salvador Dali, o ditador nazista Adolph Hitler, o cartunista Charles Schulz (inventor do Snoopy e Charlie Brown), o ator brasileiro Paulo José, entre outros.
A evolução da doença de Parkinson é lenta, acredita-se que os sintomas iniciais aparecem após anos de doença, já que existe uma reserva funcional no cérebro que o protege, levando ao aparecimento de sintomas apenas quando já está bem comprometido, tornando o diagnóstico inicial difícil de ser realizado. A maioria das pessoas irão ficar bem controladas com medicamentos e tratamento clínico e não necessitarão de cirurgia. Existem outras doenças que podem dar sintomas iniciais muito parecidos com a Doença de Parkinson, como a Paralisia Supra-Nuclear Progressiva (PSP), Atrofia de Múltiplos Sistemas (MSA) entre outras. São chamadas de parkinson-plus ou parkinsonismo, e o seu tratamento não é cirúrgico. Também por esse motivo, não se deve operar um paciente com menos de cinco anos de diagnóstico de doença de Parkinson. É recomendado a realização de teste de Prolopa (levodopa/ benserazida), onde o neurologista clínico observa o comportamento motor do paciente em off (sem efeito de medicação) e depois da ingestão de Prolopa, em on (com efeito da medicação). Pacientes que respondem positivamente ao teste de Prolopa podem ser candidatos à cirurgia. Avaliação neuropsicológica é sugerida antes da realização da cirurgia.
Para mais informações sobre o tratamento cirúrgico da Doença de Parkinson, consulte um neurocirurgião funcional membro da Sociedade Brasileira de Estereotaxia e Neurocirurgia Funcional - SBENF.
Existem diversas instituições de suporte e informação aos pacientes com Doença de Parkinson, como:
Parkinson's Disease Foundation