A braquiterapia cerebral consiste em um método de tratamento de tumores através do implante de sementes radioativas no interior da lesão. A semente radioativa mais utilizada para esse tratamento é a de Iodo 125 (I125), que emite uma radiação com baixa taxa de dose de forma contínua que vai do interior da lesão para a periferia.
Diferentemente da radiocirurgia, onde a radiação é aplicada de fora para dentro, a radiação da braquiterapia é emitida de dentro para fora, atingindo altas doses de radiação dentro da lesão com baixa taxa de dose (emite pequenas quantidades de radiação que vão se acumulando dentro da lesão com o passar do tempo). O neurocirurgião, juntamente com o físico responsável e radioterapeuta, calculam a dose almejada a ser atingida no interior da lesão e calculam o quanto da dose irá para áreas vizinhas, onde não se tem a intenção de irradiar, como nervo óptico, muito sensível à radiação. Assim, uma alta dose de radiação será emitida dentro da lesão e baixa radiação irá atingir áreas vizinhas, permitindo otimização do tratamento radioterapêutico. As sementes ficam implantadas por um período calculado (geralmente de 20 a 30 dias) e depois são retiradas. Elas ficam fixas dentro de pequenos tubos, que facilitam o implante preciso assim como a posterior retirada.
Nas imagens do exemplo, a cor vermelha representa onde há maior concentração de radiação, com diminuição progressiva, até a área de segurança em azul, são as chamadas linhas de isodoses (imagem da direita). Para uma conformação elíptica ou formas complexas, mais de uma semente pode ser necessária.
A braquiterapia é muito utilizada para outros tumores do corpo, por exemplo, tumores na próstata. Diferentemente do cérebro, na próstata não há tecidos nobres muito sensíveis à radiação, assim, a preocupação maior do radioterapeuta é atingir toda a região com lesão. No cérebro, a precisão de implante é de extrema importância, por isso, as sementes devem ser implantadas através de estereotaxia (leia mais sobre estereotaxia), com precisão milimétrica.
Dr. Bernardo de Monaco esteve no serviço de Freiburg, na Alemanha, um dos serviços com maior experiência em braquiterapia do mundo. Na ocasião da bióspia cerebral (biópsia estereotáctica), a equipe está apta a implantar sementes radioativas, desde que o patologista confirme se tratar de lesão tumoral. O implante é realizado para casos onde a lesão sugere ser radiossensível, com localização intracerebral que dificulte a retirada cirúrgica ou onde a cirurgia possa ser sequelante, ou seja, a lesão está localizada em uma região onde o acesso para cirurgia pode trazer danos neurológicos ao paciente.
Pacientes com lesões cerebrais de origem desconhecida podem ser tratados em tempo único com a biópsia cerebral e se necessário, já com implante de sementes radioativas, a braquiterapia. Pacientes com lesões cerebrais já com diagnóstico, em geral com até 3cm de diâmetro, podem ser tratados por radiocirurgia, sem necessidade de implantes.
Pergunte a seu oncologista ou radioterapeuta sobre a braquiterapia cerebral como opção de tratamento, embora seja um método muito pouco utilizado no Brasil.