Biópsia Estereotáctica (ou Estereotáxica)
A realização de um exame de biópsia no cérebro pode ser um procedimento de alta precisão e alta complexidade, mesmo sendo minimamente invasivo através de uma agulha de biópsia. Isso ocorre porque muitas regiões cerebrais são chamadas de áreas eloquentes, ou seja, um dano nessas regiões pode trazer uma sequela muitas vezes irreversível. Lesões profundas no cérebro podem não acometer áreas eloquentes, mas podem ser de difícil acesso cirúrgico. Assim, para a realização de uma biópsia cerebral, o neurocirurgião dispõe de uma série de tecnologias que minimizam o risco de ocorrer uma sequela e aumentam as chances de que seja feito um diagnóstico.
O método mais utilizado para realização das biópsias cerebrais é a estereotaxia. Ela permite uma precisão milimétrica para se obter amostra tecidual do alvo almejado. Uma biópsia cerebral pode ser associada com outros procedimentos, como drenagem de um cisto tumoral, ou mesmo implante de uma semente radioativa dentro do tumor, chamado braquiterapia, que já consiste em tratamento para casos selecionados. É possível também que seja implantado um catéter dentro do tumor, o que permite aspiração intermitente de cisto ou aplicação de quimioterapia intra-tumoral. Geralmente, esses catéteres são conectados a reservatórios que ficam localizados abaixo do couro cabeludo, como a câmara de Ommaya ou câmara de Rickham, que permitem uma punção através da pele sem anestesia, como se fosse para colher sangue de uma veia.
Na biópsia, após a retirada do fragmento da lesão, ele então é encaminhado para um médico patologista, que fará uma análise microscópica utilizando corantes específicos, podendo utilizar reações imuno-histoquímicas, que possibilitam o correto diagnóstico da lesão. Após o diagnóstico, pode-se então fazer o tratamento específico para tal.
Outros métodos de biópisa cerebral são:
a) Biópsia Neuronavegada: é utilizado um neuronavegador, que consiste em um aparelho que emite radiação ultravioleta fazendo a leitura da superfície de pele do paciente. Essa superfície é relacionada com um exame de imagem do próprio paciente, como uma tomografia computadorizada ou com uma ressonância magnética, projetando numa tela de computador a região do cérebro onde o cirurgião deseja fazer a biópsia. Esse método de localização espacial das lesões cerebrais é muito utilizado em cirurgias para ressecção de tumores cerebrais ou mesmo para cirurgias funcionais, como a estimulação cortical para tratamento de dor.
b) Biópsia Excisional: é quando a biópsia é realizada com a ressecção total da lesão. Pode também ser guiada por estereotaxia ou por neuronavegação. Geralmente é realizada em lesões superficiais, onde o dano no tecido neurológico adjacente à lesão é minimizado.
Por que realizar biópsia de uma lesão cerebral e não retirá-la com uma cirurgia?
Muitas vezes as lesões cerebrais estão áreas profundas do cérebro de difícil acesso cirúrgico, ou acomentem áreas eloquentes do cérebro, onde uma cirurgia para sua ressecção pode gerar sequelas irreversíveis. Como existem lesões cerebrais tratáveis por outros métodos que não a cirurgia, como radioterapia, quimioterapia, tratamento medicamentoso (a lesão pode não ser tumoral) ou mesmo braquiterapia, a biópsia pode ser de grande importância em casos selecionados. Ela pode ser realizada em adultos ou crianças, sob anestesia geral ou local, a depender do caso.
Sabe-se que existem lesões cerebrais onde o tratamento muda muito pouco o prognóstico (ou seja, trata-se os sintomas, mas não a lesão em si). Para se determinar isso, é necessário ter certeza que a lesão é considerada intratável, ou, que seu tratamento promova mais riscos que benefícios para o paciente. Assim, uma cirurgia pode ser algo agressivo para obtenção do diagnóstico, sendo que uma biópsia estereotáctica pode trazer o diagnóstico sem necessidade de internação prolongada permitindo que o paciente tenha melhor qualidade de vida nesse momento delicado.
Para maiores informações, procure um neurocirurgião funcional.