A Neuralgia Trigeminal é conhecida como uma das piores dores do mundo. Também é conhecida por nevralgia do nervo trigêmeo , neuralgia do trigêmeo, Doença de Fothergill, síndrome da dor facial paroxística, prosopalgia dolorosa ou tique doloroso (Tic Douloureux).
Consiste em dor em choque de forte intensidade que pode ocorrer na região do rosto, podendo acometer a porção superior da face (território do ramo frontal do nervo trigêmeo - chamado de V1), porção média da face (ramo maxilar do nervo trigêmeo - chamado de V2), porção inferior da face (ramo mandibular do nervo trigêmeo - chamado de V3) ou em mais de um território combinado.
A dor trigeminal necessita de investigação com exames de imagem, exame neurológico detalhado e avaliação de especialista. Pacientes podem apresentar dor de forte intensidade na região da boca ou dos dentes, acreditando ter dor de dente. Dentistas treinados estão aptos a reconhecer a dor trigeminal e encaminhar para médicos especializados. Porém, ainda é muito comum de se encontrar pacientes com dor trigeminal que extraíram os dentes na esperança de melhora sintomática, mas continuam com a dor.
O tratamento inicial é clínico, com medicações. A principal droga utilizada para o tratamento da neuralgia trigeminal é a carbamazepina, mas existem outras opções para substituição ou associação.
O tratamento cirúrgico está indicado nos casos refratários (quando a dor permanece mesmo após o tratamento), ou em casos onde a dor está muita intensa, requerendo visitas ao pronto-socorro. Um bloqueio é um procedimento possível para abortar crises reentrantes.
Em pacientes jovens, a cirurgia mais realizada é descompressão neurovascular, com pequeno acesso cirúrgico na região da fossa posterior do crânio, com descompressão do nervo trigêmeo de estruturas vasculares adjacentes, com interposição de material cirúrgico para evitar o contato direto do vaso com o nervo. Esse tratamento mostra-se muito efetivo para controle da neuralgia trigeminal, sendo uma cirurgia intracraniana, mas extra-cerebral, ou seja, as estruturas operadas estão dentro do crânio, mas fora do cérebro, onde o nervo trigêmio pode ser alcançado em sua zona de entrada no tronco cerebral. Essa cirurgia requer um neurocirurgião com treino em microcirurgia e com conhecimento anatômico da região, já que lesões em nervos muito próximos do nervo trigêmeo, ou mesmo danos no tronco cerebral podem levar a sequelas irreversíveis.
Em idosos as principais cirurgias são as neurotomias percutâneas, podendo ser realizada com anestesia geral ou mesmo com sedação e anestesia local, a depender da preferência do cirurgião, da condição clínica do paciente e tolerância à dor. Uma agulha é inserida na face (como uma injeção) até o gânglio de Gasser (que fica dentro da base do crânio). Essa punção deve ser realizada por profissional habilitado e com treinamento, já que punções inadvertidas podem levar a sequelas. A neurotomia trigeminal pode ser realizada com lesão com radiofrequência ou lesão por balão. Cada técnica tem riscos e benefícios que o especialista deve orientar e oferecer o melhor ao paciente. Quando uma cirurgia de neurotomia trigeminal não funciona para o tratamento da dor, deve-se considerar que talvez o diagnóstico de neuralgia trigeminal não esteja correto. A neuropatia trigeminal, ou dor neuropática do nervo trigemeo pode ser confundida com a neuralgia trigeminal, e seu tratamento é totalmente diferente, sendo inclusive contra-indicada a neurotomia trigeminal para dor neuropática trigeminal. Pode-se considerar outros procedimentos, como a nucleotractotomia trigeminal ou estimulação cortical para tratamento da dor.
A dor trigeminal costuma ser muito debilitante, devido à intensidade da dor que se apresenta em crises. Em pronto-socorro, o paciente com crises reentrantes de neuralgia trigeminal responde melhor à medicações anti-epilépticas que a analgésicos comuns, ou mesmo analgésicos potentes, como a morfina, que não é uma boa opção para tratamento da neuralgia trigeminal.
Para mais informações, procure um neurocirurgião funcional.